Análise de líquidos cavitários em patologia clínica

Este artigo é especialmente para veterinários e estudantes de medicina veterinária que têm interesse em patologia clínica. Para ajudar no entendimento da análise de líquidos cavitários, por favor, leia abaixo um breve resumo das principais alterações encontradas e das causas das efusões.

O que é líquido cavitário?

Primeiramente, sabemos que o corpo de um animal possui cerca de 65% de água, sendo 24% de líquido extracelular e 41% de líquido intracelular, além de plasma intersticial e transcelular. Observa-se que animais magros e saudáveis possuem mais água no organismo.

Sendo assim, o líquido cavitário nada mais é do que o acúmulo de líquido em cavidades fechadas e revestidas por membranas. Podemos classificá-las dependendo de sua localização, por exemplo: pleural, pericárdica, peritoneal e celomática.

Quias são os tipos de pressões?

Basicamente temos a atuação de dois tipos de pressão que influenciam na presença ou não de líquidos cavitários, sendo eles:

  • Pressão Oncótica: Determinada pelas proteínas no plasma sanguíneo, especialmente a albumina e as globulinas. Estas estão associadas, em casos de formação de edemas, principalmente à desnutrição, insuficiência cardíaca congestiva (ICC) e cirrose.
  • Pressão Hidrostática: É a pressão que ocorre no interior dos líquidos e é exercida pelo peso do próprio líquido. Ocorre principalmente devido à saída excessiva de líquido do vaso, causada, por exemplo, pela dificuldade na circulação de retorno. Exemplos incluem hipertensão, insuficiência cardíaca e drenagem venosa defeituosa.

Vale lembrar que o movimento e a distribuição de fluidos no organismo dependem de quatro fatores: pressão hidrostática capilar, pressão hidrostática intersticial, pressão coloidosmótica do capilar e pressão coloidosmótica intersticial.

O que é efusão?

Efusão nada mais é do que o acúmulo anormal de líquidos fora dos vasos linfáticos e sanguíneos. As principais causas de efusões estão relacionadas à elevação da pressão hidrostática vascular, diminuição da pressão coloidosmótica intersticial, alterações na drenagem linfática e alterações na permeabilidade vascular.

Além disso, podemos citar a retenção de sódio, pois, assim como as proteínas, “o sal atrai água”. Por isso, é muito comum que animais com comprometimento renal tenham edemas e ascite.

Quais são as característica desses líquidos cavitários?

Temos várias classificações de líquidos cavitários, que dependem de sua localização (pleural, peritoneal e pericárdica) e de sua natureza (hemo = presença de sangue, hidro = presença de água ou pio = presença de pus).”

Além disso, temos características físico-químicas a serem analisadas, como odor, aspecto, cor, densidade e concentração de proteínas.

  • Odor: Geralmente são inodoros, mas se hover o rompimento de intestino, por exemplo, pode ter o odor de fezes.
  • Aspecto: depende do nº total e natureza das células deste líquido.
  • Densidade e concentração de proteínas: depende da presença de proteínas.
  • Cor: é considerado normal o incolor ou amarelado.
Análise de líquidos cavitários em patologia clínica
Análise de líquidos cavitários em patologia clínica

Quais são os tipos de efusões?

Os principais tipos de fusões são: efusão hemorrágica, efusão quilosa, efusão biliar e efusão neoplásica.

  • Efusão hemorrágica: Presença de sangue na cavidade corporal, costuma ocorrer com o rompimento de algum órgão ou vaso sanguíneo.
  • Efusão quilosa: Acúmulo de fluido linfático, ocorre em casos de ruptura do ducto torácico,por exemplo.
  • Efusão neoplásica: Ocorre principalmente devido à deposição de células tumorais nos vasos linfáticos, causando obstrução da linfa e extravasamento para as cavidades corporais.
  • Efusão biliar: De difícil diagnóstico, ocorre devido à ruptura da vesícula biliar.

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